segunda-feira, 31 de março de 2008

poema tao nosso

Meu amor
aqui tens no meu deserto que e o mundo em que vivemos

estou nu e completamente
nas minhas mãos ausentes apenas o meu sonho que
és tu

mas a minha nudez e sincera
pois nas palavras encontro a verdade
que a matéria não soube marcar nos nossos
pensamentos

trago na minha cara os lábios
que beijaram os teus
e que por isso em nome da sociedade
histérica e rouca
foram perseguidos em cada palavra que disseram

agora vais,porque e tarde e o mundo não espera por nos

eu fico não quero ir quero ficar
não e preciso que fiques
ficas tanto melhor assim te posso dizer que amanha
estarei mais velho mas mais feliz do que ontem
anda podes vir apenas tenho amor
aqui tens as minhas mãos
agora entra em casa aqui não tenho ódio
ali esta uma viola
quero agora as tuas mãos
em breve seremos apenas nos

e tarde e acho melhor
deitarmos-nos dormindo na minha
cama e dura
e o luar deixa ver os teus olhos semicerrados

assim posso beijar-te.

Penso meu amor

Penso-te nas mãos onde quer que estejas
nos meus olhos

este amor não tem namorada
não tem nome
penso-te nestas paredes
nestes muros onde escrevo a Liberdade
que amamos
nestas mãos com vontade
nestas mãos que matem que acariciam
que beijam

penso-te nas ruas da cidade nas paredes das casas
no chão da rua onde corpos adormecem

la longe onde a palavra Liberdade
e desejo e fome
la longe nas minhas mãos distantes
no meu corpo irracional
onde as palavras são utilizadas para se escreverem
nas mãos dos homens
sem amor para dar

penso-te nas minhas mãos
nos meus braços que apertam
nos meus lábios
neste meu corpo
que te viu sem palavras para te cobrir
e que amou sem saber porque

penso-te nas palavras que saem da boca sem dar
por isso
nas ruas desta cidade sem ser pessoa
deste mundo sem ser Homem.

sábado, 29 de março de 2008

Mulher,mornas colinas,corpo branco
minha sede,minha ânsia,meu caminho
herdo de ti meu dia destruído,
sozinho na solidão desta hora de mortes
que em torno de mim da voltas.
Aqui, a vastidão dos pinheiros,
o rumor de ondas quebradas,
o crepúsculo caindo nos teus olhos,
a noite que esvoaça largando espadas.
Aqui,onde tu não és,
arde na mais alta fogueira
a minha solidão
e faço sinais de adeus nos teus olhos ausentes
mulher distante e minha
e hora de partir para mais longe
e as nuvens,como lenços brancos,
dizem-te adeus.
Mulher alada e minha,
sacudo todas as raízes
e conservo a tua
e a hora,a hora
que a vida prende ao nosso corpo.
Calco a terra
cada vez mais longe,
para alem de tudo
para alem de ti.

dizer-te so solidariedade

Dizer-te solidariedade...
um pouco mais de amor.Ate quando?
e do barro fazia talvez verdade...
e cantava talvez como mudando...
dizer-te solidariedade
porque era anseio de descobridor...
com espadas nunca saudade...
porque tu és sede,porque és amor...

outro tempo e outro,venham gravar
no coração outro tempo te leva...
deslumbramento...e assim ficar...

num pais por fazer, a verdade...
num pais de altar feito de flores...
dizer-te solidariedade...
perdoa meu amor,mas somos dois
tu vives o presente e no olhar
eu gosto de arder e do depois
trago um vulcão no peito a murmurar

há um rumor de pó que cai dormente
nos castelos de medo em que tu moras
há um dançar frenético,ardente
no meu peito que não sustem demoras

há pombas vermelhas no caminho
vermelhas porque a vida e um trovão
e não sustenta a doce cor do arminho
com que enfeitas o corpo da ilusão

perdoa meu amor,mas e assim
não poderemos nunca ser só um
a minha vida; a linha recto,o fim
a tua vida; um só lugar comum.

quinta-feira, 6 de março de 2008

tanto tempo que passou
e nem um beijo

tanto tempo que passou desde
o dia em que se inventou a carne
a carne que se desfez
que se matou

amor pode ser duas lágrimas
e um saco para partir
pode significar partir
de olhos fechados para não deixar cair
lágrimas
e voltar um outro dia distante
para encontrar as mesmas coisas
mas sem nada para amar

tanto tempo que passou
e só hoje regressas
bates a porta
e eu abro

ate que enfim
voltastes de um sonho tão grande
voltaste
e vejo-te tão diferente
mas voltaste
isso basta.